“Balvaneraé umbairrodacidadeargentinadeBuenos Aires, localizada na zonaesteda cidade e próxima do
seu centropolíticoefinanceiro. Onomedo bairro deriva daparóquiae foi assim estabelecido...”* Bom, não viemos tratar do
bairro argentino, mas falar de uma nova dupla da terra dos nossos “hermanos”.
(Foto por Julieta Feresin)
Balvanera é formado por Augustina Vizcarra [vocal] e Lucas Ledoux [electronics]
as referências sonoras são cold/synth/minimal wave atuais. Ao ouvir pela
primeira vez EP lembrou muito Xeno & Oaklander, Linear Aspera e vocal da
Alison Lewis ( Zoe, atualmente Keluar). Essa atmosfera post-punk em fusão ao experimentalismo e dark electronics
tem como berço Cabaret Voltaire, Throbbing Gristle, entre outros.As influencias oitentistas como minimal wave, new wave e synthpop. Esse revival está evidenciado e destacado nos ultimos anos é a caracteristica principal que passeia a sonoridade da Balvanera.
(Foto por Julieta Ferensi)
Em passagem pelo Rio de Janeiro, Augustina, vocal e compositora nos falou dos
temas abordado por eles.
“As letras, tem a ver com coisas pessoais. Além disso, como eu estudo história
da arte, algumas letras são abordadas por influências de períodos artísticos
antigos e também por questões teóricas”.
Balvanera - Mártir
O EP possui cinco faixas e está disponível no bandcamp.
A dupla Karolina Escarlatina e Zaf no final de Dezembrolançaram o sexto
disco da carreira intitulado “Drusba”, disponível para “free download” no site
da banda e sairá nos formatos CD e LP pelo selo americano Mass Media Records.
Formado em 2006, Escalatina Obsessiva é uma das mais importantes bandas
nacionais de post-punk, reconhecida mundialmente. Conversamos rapidamente com
eles acerca do novo disco. Confira.
LES CADAVRES – Primeiramente,
parabéns, pelo excelente disco. Conte nos como foi o processo de criação e o
significado do inusitado nome “Drusba” para o disco.
O.E. - Nós que agradecemos! Este foi o disco mais trabalhado da Escarlatina Obsessiva, a produção,
arranjos, melodias foram feitas em 3 anos. O Zaf geralmente faz a melodia /
arranjos no teclado ou na guitarra, e eu entro com a voz e baixo, mas ele
sempre dá ideias quando estou encaixando a voz ou o baixo em alguma música.
Geralmente fazemos assim.
O nome Drusba significa Absurd ao contrário; o tema do disco é voltado para a
teoria do Absurdo, e essencialmente inspirado nos escritos de Camus, mais
especificamente o livro O Mito de Sísifo (o absurdo como única via de
compreensão da realidade, etc etc)
LES CADAVRES – A banda tem inúmeras
referencias em suas composições desda pegada punk/post punk passando pela new
wave com a introdução de instrumentos diferentes e diversos. No universo E.O.
fale nos um pouco das letras? ( off : porque é quem é escrito e as inspirações
e influencias e principalmente sobre as letras do disco novo)
O.E - Nas composições nós não temos
nenhuma referência, fazemos o que vem de dentro, nunca pensamos em fazer alguma
guitarra ou baixo inspirado em tal banda. Porém, nossas influências musicais
são diversas: a música clássica, o post punk, o punk, a new wave, música grega,
árabe e etc; tem alguns instrumentos bem diferentes no Drusba, como o oboé, por
exemplo, que pode ser ouvido na última música The Absurd Man.
As letras do disco fazem sempre referência ao tema central, que citamos acima,
e o desenviolve em vários aspectos.
LES CADAVRES – Novo disco, novo site e
principalmente novo selo. A banda nos últimos discos teve distribuição pelo
selo frances Zorch Factory, que no site disponibiliza para download. Eu havia
lido vocês comentarem que “que não haveria sentido lançar um disco em todos não
pudesse ouvir” . Como foi a entrada da banda no time da Mass Media Records (selo
de bandas como Annex, Cemetery, Moth, Moral Hex...) e essa questão do “free download”
já que trata se de um selo especializado material fisico?.
Foto: Albano Mendes - Via Underground/SP
O.E. - A Mass Media entrou em contato
conosco sobre lançar pelo selo deles. Nós ainda não conhecíamos o selo, demos
uma olhada e logo achamos a nossa cara o aspecto bem underground e DIY da
proposta deles, e resolvemos aceitar e fazer o DRUSBA com eles.
Sobre o lance do free download, achamos que, nos dias de hoje, com internet,
não faz sentido fazer um disco que as pessoas não possam ouvir no momento em
que é lançado. Perder o grande canal de divulgação que temos à nossa disposição
nos tempos atuais seria um erro: há algum tempo as bandas, mesmo aquelas que se
diziam underground e levantavam uma bandeira de luta contra a opressão
capitalista e ao mercado escravocrata e etc, se viam obrigadas a utilizar o
formato físico para distribuir sua música, e incluir-se nesse mesmo
mercado/capitalismo opressor que criticavam em sua arte e atitude. Hoje em dia
não tem mais essa desculpa: a música, como ela na verdade sempre foi
essencialmente, está desvinculada de um meio físico... ela é etérea, é
carregada dentro das almas das pessoas... E após a chegada do mp3 não é mais
necessário o disco, o k7, para que se tenha acesso à música, e nem é necessária
mais a subordinação à empresários de terno, e outro tipo de comerciantes que não
tem nada a ver com arte. Crie o seu meio, divulgue seu trabalho e seja feliz.
Pode-se hoje ser artista underground sem pensar-se em termos capitalistas; a
incoerência não é mais necessária... Nós não somos uma banda famosa, achamos
que temos que divulgar nosso trabalho para que cada vez mais pessoas nos ouçam.
Uma banda como a nossa não pode lançar um disco e fazer dele uma mercadoria onde
apenas quem paga pode ouvi-lo. Esse elitismo é furada.... Não! Nossa música é,
antes de tudo, ARTE, e como tal tem que estar disponível, acessível para
todos... Não pensamos na música como um produto. O cd, sim, o vinil, sim, são
plástico, papel, algo que se guarda, uma capa legal, uma arte que vc guarda de
recordação, as letras que você tem na sua gaveta, como um livro, essas coisas
têm "valor de mercado", devem ser vendidas ou trocadas, são
matéria-prima física transformada através do trabalho de alguém que precisa
receber por isso... Já a música é transmissão de essências de alma para alma, e
isso não se vende... Como calcular esse valor? E, de qualquer forma, hoje em dia é inevitável... alguém, uma hora ou outra,
vai subir no youtube, colocar no torrent, soulseek e etc... é melhor e mais
gentil que a banda dê ela mesma sua música para quem tem o interesse de
ouví-la. Mas, é claro que quando sairem os CD's e LP's, as pessoas se
interessarão em comprá-los, mesmo com o free download, pois a maioria adora
Lp's e Cd's; elas colecionam, gostam de ter; tem muita gente que pergunta, que
nos pede pelos lp's e cd's, e que não curte free download, prefere o álbum
físico. Acho que uma coisa não interfere na outra.
LES CADAVRES – Escarlatina Obsessiva
filma, produz, atua, etc.. nos próprios vídeos o mais recente e single do álbum
“Drusba” foi a canção “Marcello”. Por que dá escolha dessa música e como foi
processo de gravação do clipe (ficou lindo)?
O.E. - Escolhemos Marcello porque
achamos a música muito marcante, um pouco diferente das coisas que já lançamos,
e também por ser uma homenagem ao ator Marcello Mastroianni, que é um dos nossos
atores favoritos. O processo de gravação foi bem inesperado. Essa música tem um instrumento
chamado xilofone e o Zaf queria que tocássemos xilofone no vídeo, mas não o
instrumento em si, mas que fingíssemos tocar em garrafas com líquidos
coloridos. Nós compramos várias garrafas de vidro e colocamos água com corante;
eram 7 garrafas representando as notas musicais e algumas garrafinhas menores
que imitavam os sustenidos. Ok, mas eis que na hora da gravação saiu tudo ao
contrário, o que mostra que, conosco, não adianta planejar muito em se tratando
de vídeo, somos bastante 'godarianos' neste aspecto, quase sempre a coisa sai
na hora, mas claro que sempre temos ideias na cabeça antes de começar a gravar.
Eu filmei o Zaf tocando xilofone e tal, mas aí tive a idéia de cantar passando
o rosto atrás das garrafas de vidro com líquido colorido. O Zaf começou a
filmar e dizia que estava ficando muito bom. Ele viu que meu rosto se deformava
atrás do vidro passando aquela sensação de absurdo, de deformidade e tal. A
ideia veio na hora e ficou ótimo, além de ter tudo a ver com o tema do Drusba.
LES CADAVRES – Tratando um pouco de
planos futuros com “Escarlatina Obsessiva” e interagindo sobre “cena
brasileira”, a abertura de espaço para banda bandas independentes no gêneros
post-punk/ dark/ gótico é cada vez mais difícil por inúmeras questão, mas ainda
existe uma pequena resistência em várias partes do país e surgido excelentes
bandas como Cadáver em Transe, Black Knight Frenquency, Ballet Clandestino,
entre outras e algumas antigas retornando as atividades como Segundo Inverno. A
banda pretende sair para tocar no país e em relação a tour mundial existem
propostas (acreditou eu que sim e vários convites)?.
O.E. - Durante esse tempo todo que a banda
está ativa temos recebido muitos convites para tocar na Europa, América Latina,
México e EUA....tipo assim, se vocês vierem nos avisem pois temos lugares para
vocês tocarem...mas nada de muito certo, apenas a disponibilização do espaço,
som. O único convite realmente concreto que rolou foi para os Estados Unidos,
mas com o lance do visto as coisas são meio complicadas, mas com certeza uma
hora vai acontecer.
LES CADAVRES – A banda é responsável
pelo maior festival do Brasil e talvez da America do Sul voltada ao universo
gótico/dark / post-punk e vertentes o Woodgothic Festival, que além de música
tem como ação direta ajudar Associação Viva Criança, Asilo Municipal de APAE de
São Thomé das Letras. Falam nos em pouco do forma que é organizado o festival e
quais são os planos futuro para ele ?
O.E - O Woodgothic é um trabalho
imenso. O local em que ele ocorre é o Centro de Eventos aqui de STL. É um local
vazio, temos que arrumar tudo sozinhos, o palco, o som, o local não possui
fogão ou geladeira para o bar por exemplo, então temos que ver desde o P.A. do
som, retorno no palco, luzes, cozinha, funcionários, segurança, falar com as
bandas, agendar tudo, fazer vídeo e flyers de divulgação, falar com a Sr.
Marisa (prefeita de STL), e tudo mais que você possa imaginar. Por isso temos
feito o festival bienal, pois é bastante cansativo, e como é um evento sem fins
lucrativos, não rola de fazer todo ano. Mas com certeza é um evento
gratificante no que se refere às bandas, é um dos poucos eventos no Brasil que
dá espaço às bandas nacionais com trabalho autoral.. Nosso foco sempre foi o
underground nacional,
Foto: Ilka Reiko - Woodgothic Festival/MG
porém sempre temos uma ou outra atração internacional que
se oferece para vir, pois não temos orçamento para pagar passagens de fora. É
um festival underground, portanto temos sempre aquele público fiél que viaja
kilometros só para estar aqui neste grande encontro. Sabemos que o público
underground - dark - deathrock - post punk não é muito grande, portanto
trabalhamos com o que temos, e não almejamos ser nenhum WGT, nada de imenso.
Muito pelo contrário, sabemos que os eventos realmente underground da história
do movimento são aqueles que primaram pela qualidade, e não pela quantidade.Quantidade aqui no Brasil você encontra facilmente no Carnaval, Festa do Peão e
outros eventos que estão aí para entreter a massa.
É um festival sem patrocínio, verdadeiramente underground, onde o público, além
do ingresso, ainda pratica a filantropia, e doa 1 Kg de alimento à Associação
Beneficente Viva Criança de STL, e outras entidades beneficentes locais. O
futuro é continuar esta loucura, e enquanto estivermos por aqui, disponíveis,
continuaremos; não é o prejuízo que nos barra, ou o lucro que nos move: fazemos
pela arte.
LES CADAVRES – Gostaríamos de agradece
pela atenção a LES CADAVRES e vida longa ao Escarlatina Obsessiva, que é uma das
chamas mais brilhantes do underground nacional!
O.E. - Agradecemos a você
Anderson! Foi um prazer para nós! Quem quiser conhecer o novo álbum é só ir lá
no site e baixar: www.escarlatinaobsessiva.com .